sexta-feira, 27 de março de 2009

UM HOMEM BOM

Num dia 28 de março, há 21 aos, exatamente na metada da minha vida até hoje, tive que me despedir do meu avô ...
Foi uma perda enorme para mim! Não só para mim, mas para toda a família!
Meu avô era um homem bom!
Todos que o conheceram podem confirmar!
Ele era bom filho, bom marido, bom pai, bom colega de trabalho, bom vizinho, bom sogro, bom genro, bom cunhado ...
Bom para todos!
Tenho tantas lembranças dele que confirmam isso! Tantos bom exemplos ...
Além da bondade, tinha a honra, o amor a família, a força de trabalho, o prazer de viver, a alegria, o gosto pela música e pela leitura, a vontade de reunir parentes e amigos em torno de si, a dedicação a minha avó ...
Tantas outras caracterísiticas que o tornaram para mim o melhor modelo que tive ...
Tenho muitas lembranças dele ...

Há mais longígua que me lembro, eu era bem pequena, acompanhando ele nas tarefas da casa, enquanto ele cuidava dos passarinhos, dava comida para os cachorros, fazia uma cerca, lavava o quintal, molhava as plantas ... De repente, minha avó nos chamou e pediu que ele examinasse a dispensa.
Antigamente, os grãos eram armazenados em grandes sacos de juta. E havia uns três guardados por lá. Quado entramos vimos que estavam roídos e que alguns feijões estavam espalhados pelo chão. Minha avó exigia uma providência, porque tinha certeza de que algum rato andava roendo tudo. Meu avô já havia procurado antes, mas não havia encontrado nada. Então, ela insistiu que ele instalasse uma ratoeira para poder capturá-lo.
Passaram-se três dias ...
E aí, finalmente, o rato foi pego. Minha avó sentiu-se aliviada e pediu que meu avô matasse aquele bicho horrível, transmissor de doenças ... blá-blá-blá....
Meu avô foi com a ratoeira até a mureta que cercava o canteiro de bertalhas e ficou olhando para o "bichnho"...
Eu estava ao lado dele, aflita, esperando para ver o que iria acontecer...
Meu avô estava com um martelo na mão ... a arma para dar fim aquele problema ...
Mas, cada vez que ele levantava o braço para dar o golpe o ratinho gemia, com as "mãozinhas unidas"... Juro que é verdade!
Ele tentou umas três vezes, mas não conseguiu. Olhou para mim e disse: -" Está vendo só? Ele está pedindo 'pelo amor de Deus' para não morrer ... Não posso fazer isso!"
E, em seguida, soltou o rato, que tinha dado o maior trabalho para pegar!
Ele era assim...
Não matava nem cobra!
Lembro-me de uma outra ocasião, na Fazenda da Grama, onde tínhamos uma casa de veraneio, minha irmã era um bebê. Minha avó estava lavando as fraldas dela e de repente viu enrolada num vaso de antúrios uma jararaca juvenil, fase dos ofídios onde existe uma concentração maior de veneno. Ela tomou um susto danado e gritou pelo meu avô. Saiu correndo da área para o quarto e ficou observando a cobra agarrada comigo. Meu avô veio munido com uma vassoura. Enxotou a cobra do vaso para o chão e ficou olhando ela se contorcer. A minha avó dizia: -"Mata, Thyrson! Anda! Mata! Acaba com isso!" Mas, ele tinha pena. "Tadinha dela!", dizia ele. "Tadinha". A minha avó, danada da vida, reclamou com minha mãe, mas ela adorando o pai que tinha, pediu que eu fosse lá no clube, chamar o Zelito, um funcionário, para matar a cobra.
Esta foi a solução. Quando o rapaz chegou, meu avô saiu de perto para não ver a cobra morrer.
Também ouvia muito a história do armazém do meu avô...
Eu não era nascida na época, mas minha avó contava que ele tinha aberto um negócio de "secos e molhados" que, naquela época, costumava ser próspero, mas que acabou falindo, de tanto ele vender fiado para os clientes.
Estas histórias ilustram bem o caráter do meu avô...
Nossa casa era o clube da família, dos amigos, dos vizinhos...
Todos eram bem vindos! Muita comida e bebida, muita música ... muita gente! Todo fim de semana a casa ficava lotada! Eu nem imaginava o trabalho que isso dava para minha avó e para minha mãe ... eu era que nem meu avô, adorava a casa cheia e geladeira colorida, lotada de comida! Mas, quando passei a cuidar dos afazeres domésticos entendi melhor as reclamações que eu ouvia...
Não que elas não gostassem também. Minha mãe era muito animada, como o pai, pelo menos enquanto teve liberdade para isso. Mas elas ficavam cansadas.
Mas, o fato é que tenho recordações de Natais muito felizes, aniversários muito animados ...
Mas meu avô não era só um farrista! Era exemplar no trabalho. Basta dizer que em muitos anos de funcionalismo público não tinha faltas, não saía mais cedo e trabalhou uns nove anos, além do tempo normal de aposentadoria.
Também era um erudito! Adorava ler, fazer poesias, trovar ... Recorria sempre há enciclopédias e dicionários... Lia e assistia todos os jornais...
E amava música! Amanhecia cantando... na hora de fazer a barba, no chuveiro ... E todos os fins de semana a "vitrola" ficava ligada o dia inteiro. Quando já era crescida, pouco antes dele morrer, costuma colocar um banquinho de madeira na frente do som e ficar regendo a música com os botões. Ficava lá curtindo as músicas que gostava: Altemar Dutra, Nelson Gonçalves, Ataulfo Alves, Angela Maria, Benedito de Paula, Beth Carvalho, Clara Nunes, Simone ... Muita gente!
Música não podia faltar, nem uma cervejinha gelada!
Era disso que ele mais gostava: companhia, música e uma "lourinha" estupidamente gelada!
Ah! Também tinha as emboladas, os desafios...
Quando meu avô e minha avô iam para a cama, conversavam sobre o dia deles, a família... e quando acordavam também! Parecia que as soluções para tudo e as boas idéias, vinham depois do sono... Eles acordavam cedo. Mas, às vezes, eu acordava primeiro e quando ouvia a conversa deles no quarto ao lado, batia na porta e pedia para ir para a cama deles. Fiz isso até adulta, mas quando eu era criança meu avô me desafiava nestes momentos, cantando músicas com rimas maliciosas como aquelas do cantor Dicró, mas que ele sempre terminava com palavras sérias. Tipo: "Bom dia, Julieta? Você já lavou sua ... lambreta? Então está na hora de encontrar o Seu João, aquele que tem um... caminhão". E eu adorava! Minha avó pedia para ele parar, mas acabav rindo muito, também! Belas manhãs...
Meu avô era muito alegre! Adora a vida!
Mesmo depois que ele vendeu a casa, desgostoso com a morte da filha mais nova, num acidente de carro, ao ir comemorar a passagem no vestibular de medicina, em 1972, a família continuou a se reunir em nosso apartamento. As festas tradicionais também eram lá... Arrastávamos os móveis e todo mundo dançava! No dia seguinte, ainda tinha o "enterro dos ossos" ... Ele gostava assim...
Quando a minha avó reclamava de alguma coisa ele falava: "Deixa, Beta! Deixa para lá..."
Ele era um bom vivant!
Filho de uma família simples, de muitos irmãos, teve que trabalhar muito cedo. Trabalhou por muito tempo em dois empregos para sustentar a família de cinco filhos, que começou aos 16 anos. Nunca conseguiu comprar o tão sonhado fusca, porque sempre ajudou a todos que o procuravam. Bastava alguém precisar e ele estava lá para ajudar, principalmente, em se tratando da família dele! Quando ele faleceu, havia escrito muitas dívidas que nunca foram pagas.
Gostava de encontrar os amigos no Cacuia, um bairro da Ilha do Governador, onde ele viveu até morrer.
Cumprimentava a todos, sem excessão, por onde passava. Na padaria, no mercado, no prédio, na rua... Minha avó sempre diz que eu sou igual a ele, "pau de enchente", que por onde anda vai parando e falando com todo mundo!
Aliás, ela também chamava ele de "Zé", querendo desmerecer a bondade dele, o jeito dele tratar todos bem, de se dar demais ... e costumava também fazer o mesmo comigo, mas eu nunca encarei isso como crítica. Na verdade, me sentia elogiada!
Ah! o meu avô ...
Ele tinha um senso de certo e errado, uma integridade, uma autoridade moral...
Acho que era isso que impedia maiores confusões em família, quando ele ainda era vivo! Ele, decididamente, inspirava respeito! Além de ser uma unanimidade! Não tinha quem não gostasse dele, cachorro, gente, criança, idoso ...
Eu amava demais o meu avô! E era muito grata também por ele ter ajudado a me criar...
Ele não gostava de me ver pintada! Cantava para mim "Marina, Marina Morena, você se pintou...", música de ..., não me lembro agora! Também reprovava meus banhos demorados e ligações intemináveis no telefone. Um dia, ele chegou a cortar o fio, enquanto eu estava trancada no meu quarto. Foi muito engraçado. Houve um chiado no telefone, eu abri a porta e só tinha um pedaço do fio. Foi muito engraçado! Ele também tinha um pouco de ciúme da minha avó comigo... Mas, quando eu estava triste, era o colo dele que eu buscava!
Às vezes, ele me acordava com cara cheia de espuma de barbear ... Outras vezes, quando a minha avó cochilava, em frente da televisão, ele ia devargazinho e colocava um cigarro apagado em sua boca. Ela ficava furiosa com isso, mas ele era assim ... Brincalhão, animado ... Implicar desta forma, era também uma forma de carinho!
Incrível, que eu sempre imaginava a minha avó como matriarca... Ela era mesmo, como uma senhora feudal, no comando de tudo, querendo controlar todo mundo... Mas quando meu avô se foi, entendi que ele era a base, o chão, o que viabilizava tudo!
Sem ele, minha avó ficou sem rumo ... a família toda!
Foi muito difícil! Achei que minha avó iria morrer junto! Mas ela é dura na queda, de sangue sergipano, guerreira até a morte! Ela aguentou... Mas nunca mais nossa vida foi a mesma!
As reuniões familiares foram se transformando, até acabarem... Quando um estava, o outro faltava... Saíam brigas, discussões ... Os cunhados e sobrinhos passaram a nos visitar menos...
Minha família começou a desmoronar...
Eu não percebia que era ele quem centralizava tudo! Achava que era minha avó...
Na verdade eram os dois! Eles tinham 48 anos de vida em comum! Já eram um só!
Para ajudar minha avó a superar a depressão, após a despedida e todas as mudanças que ocorreram em nossas vidas, fiquei um ano sem sair de casa, a não ser para trabalhar e acabar a faculdade. Quer dizer, não saía sozinha. Só com ela!
Demoramos um tempo para nos acostumarmos. Acho que até hoje, não conseguimos. Apenas tivemos que aceitar! Ele continua fazendo muita falta!
Seu riso, seu chapéu na cabeça, a bermuda lá embaixo, as sandálias nos pés, o perfume exagerado, aquele pente de osso, no bolso de trás, do outro lado o lenço ...
Tudo isso, ainda é muito vivo na minha memória!
Gostaria muito que meu filho o tivesse conhecido! Eles poderiam pescar c dividir o amor pelos animais... Além disso, os dois têm em comum a mesma alegria e o bom hábito de fazer brincadeiras que enchem uma casa...
Sempre procuro contar histórias sobre ele para meu filho e mostrar fotos, para que seja possível conhecê-lo de alguma forma. Um dia, há uns três anos atrás, meu filho me disse que gostaria que existisse uma máquina do tempo, só para ele poder voltar atrás e conhecer o "biso" dele. Fiquei feliz! Ele conseguiu amá-lo através das minhas recordações...
Sempre penso no meu avô ...
Um grande homem...
Um homem bom...

Paula

quinta-feira, 26 de março de 2009

OS ELEITOS...

Estou lendo um livro sobre fidelidade, terceiro de uma série sobre comportamento, de uma psicanalista e sexóloga conceituada. Nele, baseada na sua experiência em consultórios, a autora aponta uma tendência para o estabelecimento público de relações amorosas paralelas. Para ela, "num futuro próximo, casais podem estar ligados por questões afetivas, profissionais ou mesmo familiares, sem que isso impeça que suas vidas amorosas se multipliquem com outros parceiros. Viver junto será uma decisão que vai se ligar muito mais a aspectos práticos.
As pessoas podem vir a ter relações estáveis com várias pessoas ao mesmo tempo, escolhendo-as por afinidades. Talvez uma para ir ao cinema e teatro, outra para conversar, outra para viajar, a parceria especial para o sexo, e assim por diante."
Ainda na opinião dela, "o amor que conhecemos começa a sair de cena, levando consigo a idealização do par romântico, com a idéia de os dois se transformarem num só e, cosequentemente, a idéia de exclusividade".
Desta forma, não haveria mais pressão social para a fidelidade.
As pessoas poderiam se relacionar simultaneamente, da forma que preferissem, com muitas pessoas diferentes, sem que houvesse atrelado o conceito da traição.
Para fundamentar esta teoria, a autora remonta histórias da antiguidade, faz relatos da infidelidade no Império Romano e nos dias atuais, entre um grupo de amigos da sociedade paulista, preservando as identidades reais dos protagonistas.
Tudo isso, reunido na obra, aponta para uma tendência natural do ser humano em buscar uma pluralidade de relações amorosas, com a aprovação da sociedade.
Ela prevê que os casais deixariam de ficar no eixo infidelidade conjugal e frustração ou renúncia dos desejos e fantasias.
Não tenho a formação profissional na área de biomédica. Tão pouco tenho dados de realidade reunidos a respeito do tema infidelidade.
Tudo que possuo é o que sinto, percebo, intuo e reflito...
No entanto, este não me parece um conceito novo!
Para não ir muito longe, basta rever os anos 60 e 70, com o surgimento do movimento hippie, a criação da pílula e a liberdade sexual crescente de lá para cá ... Surgiram naquela época, alguns grupos que praticavam o sexo grupal e pregavam o amor livre... Existem até hoje! Muitos casais se denominam "abertos" e permitem que os pares tenham outros parceiros, com o conhecimento deles. Existem os clubes de swing (troca de casais) e casos conhecidos de mulheres que aceitam dividir seu marido com outras esposas. Isso, sem falar das culturas onde a multiplicidade de parceiros é amplamente praticada como norma.
Mas para mim, existe algo mais entre este binômio infidelidade e repressão...
AINDA ACREDITO, PIAMENTE, QUE UMA PESSOA POSSA DISTINGUIR OUTRA, ENTRE TODAS AS DEMAIS, ATRIBUINDO A ELA UM VALOR ÚNICO EM SUA VIDA!
Alguns podem pensar que esta minha certeza é resquício da cultura do "amor romântico", tão estudado e comentado, reflexo, para muitos, de um período histórico, que vem ecoando até hoje ou de reflexos das relações afetivas da primeira infância.
Mas, não concordo!
Acho que esta é a verdadeira tendência do ser humano: o vínculo especial com uma pessoa, que entre tantas outras, se torna o (a) eleito (a) de uma forma inatingível pelas demais.
AQUELE AMOR QUE FICA PARA SEMPRE!
Em todos os haréns, há uma preferida! Nem sempre é a primeira esposa, é verdade, mas há uma que agrada mais ao Sultão, Rei, Monarca ... Nas tribos indígenas e africanas, que praticam a poligamia, também!
O homem moderno que "administra" vários relacionamentos também acaba atribuindo um valor a mais a alguma mulher. Conheço alguns...
Na literatura e na história, existem mulheres que tiveram vários amantes, mas que também desejaram um homem de forma diferente dos outros.
Acho que esta distinção, esta escolha, esta afinidade, esta sintonia, esta "coisa de pele", este amor ... é que é natural!
Sei que um ser humano vivido, pode ter tido vários amores, várias pessoas especiais, várias trocas enriquecedoras ... cada qual de uma forma e com uma intensidade, podendo, inclusive, acontecerem paralelamente! Mas, sei também que no fim de uma vida, ao longo do tempo, num balanço geral, haverá alguém especial, que merecerá uma lembrança a mais, um pensamento final ...
Vejo isso em obras de ficção, em histórias comentadas, em biografias, em vidas próximas...
Acredito mesmo que as pessoas, seres múltiplos, poderm vir a diversificar ainda mais o número e a forma dos relacionamentos...
Acho, até, que isso não ajudará ao ser humano a ser mais livre e feliz, como julga a autora do livro. Para mim, o relacionamento afetivo, profundo, entre duas pessoas já exige muito da condição humana. Aumentar o número de parceiros, no meu ponto de vista, é pulverizar as emoções e retirar a verticalização da relaçã afetiva.
E, NÃO ACHO QUE NADA DISSO SEJA IMPEDIMENTO PARA SE CRIAR UM VÍNCULO ÚNICO, COM ALGUÉM ÚNICO, DE UMA FORMA ÚNICA!
Estava vendo, recentemente, uma retrospectiva sobre a vida do excêntrico Clodovil. Uma figura pública que, no mínimo, nunca passou em branco. Assim como o Romário, a Dercy Gonçalves, o Brizola ...
Aquele tipo de pessoa que se ama ou se odeia, mas que não se pode ignorar!
Mas, isso é outro papo ...
E a matéria sobre ele fazia uma colagem de várias entrevistas.
Em uma delas, feita pelo apresentador de TV, Amaury Jr, ele contou que amou uma vez, sem saber que amava...
E o Amaury disse que ele nunca tinha vivido com ninguém e que ele já havia declarado antes nunca ter amado. E ele, rebateu, reafirmando: "- Eu amei uma vez, sem saber que estava amando!"
E, sem revelar o nome, ele contou que viajou com esta pessoa para Paris e ensinou muitas coisas a ela... Com o tempo, eles se distanciaram... A pessoa se casou, teve filhos, e há pouco tempo atrás, quando o Clodovil teve câncer, esta pessoa mandou um e-mail, dizendo que ele estava feliz, que amava a mulher, o filho e a filha, mas nunca como o tinha amado.
O Clodovil se emocionou e a houve um corte...
Eu chorei!
Histórias de desencontros existem muitas... De todos os tipos....
Assim, como existem encontros extraordinários e amores bem sucedidos...
Isso não vem ao caso agora, mas o que para mim não mudará mesmo, é a predisposição humana a amar alguém mais do que a qualquer outro!!!
E, isso, não tem a ver com o formato dos relacionamentos!
Existem pessoas que traem todos os dias seus companheiros sem praticarem sexo com mais ninguém!
Existem outras, fidelíssimas aos seus amores, que praticam sexo por profissão!
Infidelidade conjugal não tem só a ver com sexo!!!
Existem pessoas casadas que se mantém fiéis fisicamente aos cônjuges e afetivamente a amores que ficaram no passado ou ainda nem existiram, além da idealização!
Pode ser que haja uma permissividade social, uma transformação na vida em comunidade, para que as pessoas mantenham mais livremente relações afetivas com muitas outras... Isto apenas aumentará a lista de pessoas com quem cada um poderá trocar durante a vida ...
Mas não é o amor que vai mudar!
Na minha opinião, nada poderá impedir que haja os eleitos!!!
E, na sua?

Paula

terça-feira, 10 de março de 2009

Quando descobri que Papai-Noel não existe ...

Alguma coisa se quebrou em mim para sempre!
Não fui mais criança da mesma forma!
Todos os anos, desde que me entendo por gente, enfeitava a casa com meu avô, fazia minha cartinha, colocava os sapatinhos na janela e ia dormir antes da meia-noite, para que o bom velinho pudesse deixar meus presentes, sem ser incomodado.
Assim que acordava, pulava da cama e ia direto para a árvore, onde sempre encontrava, pelo menos, um presente que havia pedido. Isso porque eu sempre era orientada a pedir algo que minha mãe pudesse comprar e dar opções para o "Papai-Noel" trazer, caso ele não encontrasse ou não pudesse comprar a primeira. Muitas vezes, meus pedidos eram passados à limpo. Eu pedia uma boneca "Fofinha" e ganhava o boneco. Ou pedia a boneca "Feijãozinho" e ganhava o boneco. Agora, até duvido se minha mãe não desejava um menino, também, lá no íntimo. Mas, o fato é que no ano da minha descoberta, eu, minha mãe, minha avó e a esposa do meu tio, fomos juntas a casa de uma vizinha que fabricava bichos de pelúcia, para escolher a minha encomenda. Eu fiquei vidrada por um urso do meu tamanho, que mexia pernas e braços, amarelo gema, com laço vermelho no pescoço e cílios de feltro bem pretos e longos. Minha mãe tentou me convencer a gostar mais do marrom, porque ele sujaria menos. Mas, eu estava irredútivel. O amarelo era lindo! Meu preferido!
Durante a visita, também escolhi uma patinha, que vinha com vestido vermelho e guarda-chuva e um coelinho cinza, igual a muitos verdadeiros que eu já tivera. Na verdade, eu gostei mais do branco, mas, novamente, minha mãe me orientou para o problema da sujeira.
No caminho para casa, eu só falava no urso. Minha mãe tentando aumentar a surpresa para o Natal, ia dizendo que talvez Papai-Noel não conseguisse colocar no saco um presente tão grande. Eu afirmava, categoricamente, que ele traria. Afinal, ele atendia todos os desejos das crianças que se comportavam bem e eu, sem dúvidas, era uma delas!
Durante dias, fiquei imaginando brincadeiras com meu futuro urso. Onde ele iria ficar, onde iria dormir ... Era uma expectativa só!
Eu tinha uma pequena cadeira de balanço, de jacarandá, com tressé de palinha, que meu pai havia me dado e que eu adorava ficar. Tanto, que havia trazido da casa dele para minha! Acabei imaginando, que seria um bom lugar para colocar meu amigo que iria chegar...
Já nem usava mais minha cadeira, porque, para mim, ela já tinha novo dono!
Enfim, cheguou a grande noite!
O dia estava longo. O tempo não passava.
Finalmente, mais ou menos, cinco horas da tarde, minha mãe pediu que eu tomasse banho e me arrumasse, recomendando que eu não fosse mais lá fora da casa, para não me sujar. Achei estranho. Eu sempre ficava pronta, esperando os convidados chegarem, lá, na varanda.
Toda minha família comemorava os dias festivos na minha casa. Os parentes, os parentes dos parentes, os amigos, os amigos dos amigos, os parentes dos amigos e os amigos dos parentes...
Minha casa era um clube!
Meu avô adorava todo mundo reunido! Era festeiro, animado! Gostava de música e, principalmete, de muita fartura!
Minha mãe e minha avó é que sofriam na cozinha, para preparar tudo. Mas, naquela época, eu não tinha noção disso. Só ficava feliz em ver tudo pronto! Colorido! Cheio de melancia, uvas brancas, ameixas... Sempre gostei de frutas!!!
A única coisa que me impressionava um pouco e me dava dó, era o leitão pururca que minha mãe preparava e todos adoravam. Eu achava horrível ver aquela maçã na boca do bichinho!
Bom, mas de volta ao banho...
Eu não parava de pensar, enquanto me ensaboavam ... não me lembro de quem eram as mãos!
Só me recordo que estranhei muito ter que ficar dentro de casa, no início daquela noite!
Tomei meu banho, e sentei-me na sala. Ainda estavam todos agitados, arrumando os útlimos detalhes. Perguntei algumas vezes para minha mãe, se poderia ir lá fora, se não fosse me sujar. Ela respondeu que não todas às vezes, por fim, acabou concordando que eu poderia ficar na parte da frente da casa, se não fosse, de jeito nenhum, no pátio de trás. Isso aguçou minha curiosidade. Afinal, a minha casa era muito grande, mas as pessoas se reuniam mesmo era na varanda e entre a casa principal e a casa dos fundos, onde ficavam a lavandeira e as dependências de empregada. Era, justamente, neste pátio intermediário, onde todo mundo dançava, brincava e que, na maioria das vezes, quando o tempo permitia, é que nos sentávamos para comer em uma enorme mesa. Eu nunca ia além desta parte da casa, durante a noite. Não me aventurava no pomar e no resto do quintal. Então não fazia sentido a recomendação da minha mãe. Tinha algo estranho acontecendo. Os meus "sensores de mulher aranha" já funcionavam desde aquéla época!
Não falei nada, ao ouvir o que minha mãe disse, porque senão teria que cumprir com minha palavra. Fiquei quieta e pensativa.
Minha mãe foi se arrumar também. Enquanto isso, fiquei indo e vindo da varanda para a porta da cozinha, que também dava para o pátio que já descrevi, tentando perceber o que estava errado. Tinha achado minha mãe muito estranha, apreensiva, cheia de recomendações. Não era habitual isso nela, até porque eu era muito obediente. Não era preciso falar mais do que uma vez comigo. Aquele cuidado todo em repetir a orientação e frizar que eu não deveria ir lá fora não fazia sentido. A não ser que estivéssem me escondendo alguma coisa ... Era isso! Havia descoberto! Estavam me escondendo alguma coisa... Mas o quê? Precisava descobrir...
Fiquei olhando da porta da cozinha lá para fora...
Luzes acesas, tampas das caixas de gordura bem fechadas - seria terrível se aquelas baratas todas que moravam ali, resolvessem sair na hora da festa! -, mesa arrumada, barris de chope no lugar, isopor com refrigerantes também, cachorros presos ... esere aí ... a porta do quarto de empregada e da lavanderia estavam fechadas. Normalmente, ficavam abertas. Não se fechavam portas lá em casa! Só as dos banheiros! Ou as dos quartos, quando íamos trocar de roupa. Até para dormir, elas ficavam abertas ! "Que estranho", pensei.
Fiquei tentando imaginar porquê. Acabei concluindo, que tinha alguma coisa lá dentro, que não poderia fugir. Será que era algum novo animal para mim? Sim. Lá em casa era um "jardim zoológico doméstico"! Tínhamos passarinhos, cachorros, patinhos, galinhas, galinhas d´angolas, perus, porcos - que meu avô dizia que iria engordar para assar um dia e nunca , porque elcomia, porque não matava nem cobra! -, porquinhos-da-índia, coelhos e até dois bichos exóticos, para se ter em casa: um caracol enorme e um filhote de jacaré! Qual seria o mais novo habitante?
Então, esquecendo a recomendação por completo e curiosa demais para saber o que estaria guardado lá no quarto de empregada, fui até lá. Meu coração batia descompassado, mas eu jámais poderia imaginar o que veria e como me sentiria.
Abri a porta e dei de cara com meu urso, sentado na cama da empregada. Não o amarelo, que eu tinha preferido, mas o marrom, que tinha sido a escolha da minha mãe. Não sabia o que pensar! Como? Papai-Noel já havia passado? Tão cedo!
Havia deixado meu presente ali? Naquele quarto, que nem era meu, ao invés de na Árvore de Natal, que tínhamos enfeitado, toda bonita? E nem tinha trazido o urso na cor que eu queria? Que estranho! Nada estava fazendo sentido! Por que eu não podia ir lá? Para não ver o bicho de pelúcia? Por que não tinham me contado logo do meu presente?
De repente tudo começou a fazer um sentido que eu não queria pensar! Não queria que fosse verdade!
Fechei a porta e saí em silênco. Esperei minha mãe terminar de se arrumar e fiquei olhando para ela... Lembro-me dela ter me perguntado "o que foi?" sem eu ter respondido...
Aquela noite não foi alegre como as outras! Não foi mágica!
Não foi divertida!
Não estava prestando atenção na festa! Não estava brincando com meus primos e com as outras crianças...
Estava me sentindo estranha... Apreensiva...
Além disso, a culpa de ter desobedecido minha mãe, mesmo que por alguns instantes, me incomodava.
Não podia conversar com ela sobre o que tinha visto, sem ter que contar que eu havia ido na parte de trás da casa. Ao mesmo tempo, em algum momento, teria que contar, porque fui criada ouvindo que "quem fala a verdade não merece castigo!". Decidi esperar pelo dia seguinte, para falar sobre tudo o que estava me incomodando, só não consegui me acalmar com esta decisão.
Incrível, como tão pequena, tudo isso tenha ficado vivo na minha memória. Imagens, sensações, pensamentos, conclusóes... Foi mesmo um fato de grande importância para mim!
As pessoas foram chegando, cumprimentando umas as outras ... A múscia foi enchendo o ambiente... Todo mundo rindo, brincando, dançando ... E, eu, tentando me distrair com meu primo mais próximo, parceiro de várias brincadeiras ...
Por fim, eram quase meia-noite. Minha mãe havia pedido para eu ir dormir, porque Papai Noel já iria chegar ...
Fui deitar e fiquei acordada. Será que ele voltaria? Mas ele já não tinha deixado meu presente? Será que tinha trazido ele antes, porque ocupava muito espaço no saco e teria que voltar para trazer o resto? Ah! Poderia ser isto ... Mas, a minha mãe não sabia que ele tinha guardado meu urso lá fora? Ou, ela sabia, por isso tinha me proibido de sair de casa? Fiquei esperando acordada para descobrir. Quando achei que tinha passado da meia-noite, levantei-me ... Fui procurar minha mãe... Ela me olhou espantada. Perguntou se eu havia acordado por causa de algum pesadelo. Respondi que não. Que não tinha sono. Então ela me levou para ver os presentes de Papai Noel e contu que ele havia trazido meu urso. Perguntei quando e ela me falou que ela tinha visto ele carregando aquele urso pesado e que ele havia dito que o amarelo sujava muito e, por isso, ele havia trocado a cor... Disse a ela que era o que eu queria, mas ela continou, dizendo que Papai Noel sabia o que era melhor e que o amarelo já tinha até acabado, quando ele tinha ido lá comprar...
Fiquei olhando para ela... Vendo ela mentir para mim...
Foi horrível!
Ela não estava falando a verdade! Ela não estava fazendo comigo o que mandava eu fazer sempre! Por que?
Estava pensndo nisso, quando a mulher do meu tio apareceu com o urso amarelo... O que eu queria tanto!
Achei que Papai Noel havia se enganado com as entregas. Só poderia ser isso!
Lembro-me, perfeitamente, de ter perguntado isso a ela e ela ter dito que não, muito sem graça, agora eu consigo identificar aquela expressão no rosto dela.
Fiquei desapontada!
Ganhei outros presentes: a patinha e o coelho de pelúcias, da minha mãe e minha avó e masi algumas outras coisas que não me marcaram...
Colocaram-me na cama, novamente, e lembro-me que só dormi, vencida pelo cansaço, muito tempo depois.
No dia seguinte, pela manhã, acordei quando minha mãe estava moendo carne, naquele moedor de ferro, antigo, que se prendia naquelas velhas pias de mármore branco ou em cima de alguma mesa de fórmica na cozinha. Interrompi o que ela fazia e fiz logo a pergunta:
- Mãe! De mãe para filha... De mulher para mulher ...
Papai Noel existe?
Ela me olhou por pouco segundos e me respondeu diretamente, sem rodeios:
- Não!
Fiquei chocada! Com uma vontade enorme de chorar, guardada no peito. Meus olhos ficaram úmidos.
Ela falou:
- Não chore! Sou eu quem compro seus presentes e digo que foi Papai Noel, para lhe deixar feliz.
E, tentando melhorar as consequências da revelação, completou:
- Papai Noel só existe no Pólo Sul! Lá longe...
Pronto! Parti para um monte de perguntas ...
Pólo Sul? Onde fica? Por que você mentiu para mim? Como você fez isso e fala para eu dizer a verdade sempre? Posso lhe botar de castigo? Por que você não comprou o urso amarelo, se sabia que era o que eu queria? Papai Noel é uma lenda? O que é lenda? Por que os adultos mentem para as crianças sobre os presentes de Natal?
Foram muitas perguntas... Tantas, que minha mãe encerrou a conversa, sem paciência, frizando:
- Papai Noel não existe e pronto!!! Chega!!!
De lá para cá, nunca mais fui a mesma!
Continuei sendo criança, mas de uma forma diferente!
A minha imaginação perdeu a fantasia! Prematuramente, eu diria. Deixei de imaginar que poderia conversar com os animais e ser entendida, de ser possível encontrar um pote de ouro no fim do arco-iris, de exisitirem fadas, como a Sininho, do Peter Pan ...
Passei a brincar de ser misse, ao invés de princesa... Deixei de ser a namorada do Princípe das Águas, o Namor, um dos meus desenhos favoritos, para ser a Jane, mulher do Tarzan, porque ela aparecia em films e subia em árvores, assim como eu...
Enfim, passei a ajustar a fantasia! Passei a adequar a minha imaginação e brincadeira a uma realidade possível, para que eu pudesse acreditar nela!
Nunca mais sonhei livremente ...

Anos depois, quis prolongar a vida de Papai Noel o máximo possível para o meu filho. E a do Coelinho da Páscoa também!E a das fadas, dos gnomos, dos heróis, das princesas...
Ele acreditou nisso tudo até nove anos ... Depois os coleguinhas do colégio começaram a desmentir esta verdade!
Ele me perguntou e eu contei que os presentes eram comprados por nós, eu e o pai dele, mas as condições eram um presente de Deus e que Papai Noel existia no espírito de Natal, enquanto pelo menos uma criança acreditasse nele. E, ate hoje, quando alguém me pergunta se Papai Noel existe, respondo que em algum lugar sim, de alguma forma..

sexta-feira, 6 de março de 2009


Rio de Janeiro - Ontem, Cidade de Braços Abertos e Hoje, Cidade de Mãos ao Alto!

Quando é que vamos nos mobilizar pela única causa que nos permitirá viver sem medo: a recuperação de nossas vidas? É preciso que todos nós, governos, grupos de poder, setores da economia, instituições representativas, imprensa, cidadãos comuns... Todos, enfim, trabalhemos a favor do Bem. Não o bem de consumo e muito menos o do físico, mas, sim, o Bem que pode transformar esta sociedade em que estamos vivendo. Eu vi recentemente uma campanha neste sentido, na televisão. Iniciativa de uma ONG, que, provavelmente, por falta de recursos não foi muito veiculada. Ela convidava a prática do Bem, sob todos os aspectos. Uma pena que não tenha ganhado espaço e se desdobrado! Será que nenhum publicitário, nenhum dirigente, nenhuma classe de intelectuais, nenhuma pessoa de visão sacou que é hora de se realizar uma grande campanha pelo Bem, maior do que a da Dengue, maior do que aquela antiga, do “Sugismundo”, pela limpeza da Cidade? Muito maior! Todo mundo junto pelo Bem, nas rádios, TVs, jornais, revistas, internet, out-doors... Se todos tentassem recuperar o valor de se fazer o bem, com certeza a violência diminuiria! Mas, parece que seguimos em frente sem nos darmos conta de que não dá mais para não fazer nada! Não dá para esperar a recuperação da qualidade de vida pelo lado social, apenas considerando-se trabalhos de base, como saneamento básico, educação, saúde, segurança, moradia, empregos ... Claro que isto tudo é necessário e o trabalho neste sentido deveria começar já, para que daqui a longo tempo viesse a surtir efeito. Com as necessidades elementares supridas, naturalmente, há um crescimento cultural de uma sociedade. Porém, não temos como esperar a mobilização dos dirigentes, a correção dos políticos, a cooperação do empresariado e do setor industrial, a existência de verbas aliada a trabalho sério... É preciso valorizar o Bem imediatamente! É preciso pregarmos o Bem, sem, necessariamente, associá-lo à religião. Apenas o Bem de um ser humano para o outro. O Bem como patrimônio humano, de enorme valor social! Com uma campanha bem feita é possível vender tudo!!! Por que não vendermos o Bem? Seria uma campanha com fins lucrativos específicos: recuperar a sociedade e a qualidade de vida do carioca. Isso para começar... Porque, bom mesmo, seria que esta campanha ultrapassasse fronteiras e se estendesse pelo Brasil e pelo mundo!Para que tantas pessoas não se sentissem lesadas, solitárias, abandonadas, violentadas, agredidas, abusadas, vitimadas, roubadas, invisíveis... e tudo o mais que gera um enorme desconforto e muito medo, muito ressentimento, muita agressão! Nossa sociedade está absolutamente doente!Não é preciso que isso seja atestado por estatísticas sobre a violência, pesquisas antropológicas sobre o Homem e a sociedade moderna, estudos sociológicos sobre o consumo e a infelicidade ou pesquisas médicas sobre a Síndrome do Pânico, Estresse e Doenças Auto-Imunes. Não. Basta olharmos ao redor... A tensão que está no ar... Os rostos amedrontados, indefesos, violentos, intolerantes, maldosos, egoístas ... Todos deformados por uma sociedade onde o Bem não prevalece! Por que não combater o Mal, mais do que a Dengue, o Tabagismo, o Alcoolismo e tudo mais que merece uma campanha abrangente? Parece tão óbvio de que isso é o início de tudo! Uma sociedade sem valores morais, éticos, fraternos... está fadada a auto-destruição. São gastos milhões em todos os setores para vender produtos de todas as espécies. Que tal se o Bem fosse o produto mais vendido pelo carioca? Que tal se além de todos os recursos naturais que possuímos, ainda tivéssemos o Bem para dar e vender? A primeira vista, esta campanha pode parecer coisa de criança, utopia, ingenuidade... mas não é! É coisa séria! Seríssima! E deve ser encarada como tal! Com certeza, contaria com o apoio de intelectuais, artistas, pessoas bem intencionadas... E, mesmo que algum oportunista também se interessasse em participar, não teria problema. O Bem imuniza! Blinda! Porque uma campanha bem feita detonaria uma onda tão grande do Bem, que, num tempo muito menor do que o que gastaríamos para resolver todos os problemas práticos da sociedade, este movimento atingiria a estas pessoas, também. A prática do Bem gera uma energia tão positiva que não só os agentes ou os receptores são beneficiados! Todos ganham! O Profeta Gentileza foi tido como louco, foi desacreditado, mas, com o tempo, sua mensagem extrapolou os pré-conceitos e atingiu muitos corações. Ela acabou sendo tema de músicas, exposições... O eco da sua mensagem se propagou... Isto, para citar apenas uma figura carioca! Imagina a voz e a imagem de todos juntos, dando exemplos, promovendo o Bem... De todo, se não fosse totalmente um sucesso, com certeza já melhoraria muito! Quando eu era criança, aprendi que era preciso respeitar os mais velhos, não maltratar animais, idosos e crianças, preservar o patrimônio público, amar o meu país, não ser egoísta, praticar boas ações... Tinha uma matéria no colégio chamada de Educação, Moral e Cívica e também tinha Introdução à Filosofia. Elas me ajudaram a formar minha personalidade e meu caráter. Claro que existem explicações para que estas matérias tenham saído da grade escolar. Mas, sejam elas quais forem, a verdade é que o comportamento daquela época era muito melhor do que o de agora. Eu não estou falando de posturas retrógradas, repressão pura e simples, manipulação política, preconceitos... Estou falando que o Bem tinha mais espaço naquela época do que tem hoje!Talvez eu não consiga estabelecer uma ligação concreta, mas, intimamente, eu consigo fazer a conexão, perfeitamente, com o enfraquecimento do movimento de escoteiros e a não propagação do Bem. É verdade! Antes, eu via, quando pequena, aqueles meninos uniformizados, ajudando a deficientes visuais e idosos a atravessarem as ruas. Pequenos heróis a serviço do Bem, servindo de bons exemplos. Onde estão eles hoje? Quantos pais se interessam em colocar seus filhos num grupo destes? Provavelmente, iriam ser ridicularizados e, até, agredidos se ocupassem as ruas, como antigamente. Ou, pior, atropelados, assaltados... De qualquer forma é preciso recuperar-se o Bem e seus desdobramentos: a boa educação, o respeito, a boa intenção, a caridade, a fraternidade... Porque o Bem assume muitas formas! É democrático! Qualquer um pode praticá-lo! Até mesmo um texto como este, sem nenhuma pretensão intelectual, apenas uma reflexão, uma tentativa... é um reflexo do Bem, que eu desejo! Um Bem futuro que comece agora! Já! Que vá tomando as pessoas... que vá invadindo as casas ... que vá se alastrando pela sociedade, muito mais do que a droga, o crime, a violência! FAZER O BEM SEM VER A QUEM!!! Seria o mote ideal desta campanha! A grosso modo, ninguém mais sente vergonha de ser egoísta, mal-educado, aproveitador, agressivo, ganancioso, mentiroso, ladrão, corrupto, assassino, bandido... Vale tudo! E a sociedade adoece... As boas atitudes, o Bem, está caindo em desuso! Está ultrapassado! Fora de moda! Ninguém incentiva mais o Bem, a não ser nos grupos religiosos! O Bem está além de dogmas e cultos! O Bem é também uma necessidade social! Sem a solidariedade, a união, não será possível prosseguirmos!Sem olhar para o outro, sem se envolver com o outro, sem respeitar o outro, sem fazer algo pelo outro... o Eu, tão enfatizado, não conseguirá mais sobreviver! Cada vez mais nos arriscamos em sair de casa! Cada vez mais nos protegemos, desconfiamos, nos isolamos!Cada vez mais temos medo! Mesmo os mais alienados não conseguem mais fugir da realidade que se apresenta! O Mal está cada vez mais perverso!!! Não se tem mais horário, local, limite para a maldade! Se matam idosos, crianças, mulheres grávidas... Pais assassinam filhos, filhos assassinam pais... Políticos desviam verbas dos serviços essenciais... Remédios são adulterados... Drogas são vendidas em todos os lugares... Bandidos de todo tipo ficam impunes... Balas perdidas .. Balas trocadas... Balas encomendadas... Pessoas assaltadas, atiradas de penhascos... Crianças arrastadas pela cidade... Pedofilia... Exploração sexual de menores... Miséria... Fome... Violência sexual...TANTO MAL! TANTO MAL! E todos nós somos um pouco coniventes!!! Por mais absurdo que pareça esta declaração, somos nós que não nos organizamos, que não nos esforçamos, que não tomamos iniciativas, que nos acovardamos ou nos acomodamos... ao ponto de permitirmos que tudo chegasse até aqui, num crescendo... Hoje, é um vizinho que rouba o meu jornal na porta da minha casa, amanhã é o meu filho que não quer dividir o brinquedo com o amigo, amanhã sou eu quem escolho o maior pedaço da pizza, daqui a dois dias, é meu chefe que está sonegando impostos, três dias depois é a mulher dele que está adulterando o leite que é vendido na cooperativa que ela faz parte... pequenas maldades... atos sem tanta importância frente a outras atrocidades, mas que, somados, vão dando força ao Mal. Vão encorpando o Mal e enfraquecendo o Bem. QUEM QUISER VIVER BEM VAI TER QUE PRATICAR O BEM! Não vai adiantar o alarme, a tranca, o carro blindado, o quarto blindado... Nada! Se o Mal continuar se espalhando, não vai haver lugar seguro! Pessoas, como aquela senhora que achou um monte de dinheiro no lixo e devolveu ao dono, mesmo ganhando pouquíssimo, porque sabia que esta era a atitude correta, do Bem, tem que ser o modelo! Não podem ser raras, nem chamadas de “bobas”. Estes exemplos têm que ser multiplicarem. Temos que usar o Bem como antídoto!!!Convido a todos para se envolverem com o Bem!!!

Paula Bittencourt

Postado por Paula Bittencourt às 07:27 0 comentários
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